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Pagamento por foto da íris atraiu meio milhão de brasileiros, com foco na periferia de SP, até ser barrado pelo governo

 Investigação sobre a Iniciativa World: O Projeto que Registra a Íris e Seus Desafios Legais

A World é uma iniciativa que tem como objetivo criar uma "impressão digital" avançada utilizando a íris humana. A ideia por trás do projeto é permitir que a íris sirva como uma tecnologia mais precisa para distinguir pessoas de robôs cada vez mais sofisticados. No entanto, a aplicação desse método tem gerado controvérsias, especialmente em São Paulo, onde a iniciativa tem sido realizada desde 2023.



Objetivo e Controvérsias
Em seu início, o projeto oferecia um pagamento em criptomoedas, cerca de R$ 600, para quem aceitasse ter a íris fotografada, o que atraiu uma grande adesão, principalmente nas periferias da cidade. Contudo, este pagamento gerou preocupações por parte da Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD), que determinou, em 24 de janeiro de 2025, que o pagamento não pode mais ser feito. A justificativa é que a remuneração poderia influenciar a decisão de participação de forma indevida, especialmente em áreas mais vulneráveis economicamente.

Expansão Rápida e População Desinformada
A adesão ao projeto cresceu de forma vertiginosa, saindo de 115 mil pessoas no início de novembro de 2024 para mais de 400 mil dez dias antes da suspensão dos pagamentos. A localização estratégica dos pontos de escaneamento, como em áreas próximas a estações de metrô, terminais de ônibus e nos extremos da cidade, facilitou o alcance do projeto, tornando-o especialmente popular em bairros periféricos como Brasilândia, Cidade Dutra e Cidade Líder.

Muitos dos participantes, no entanto, não estavam completamente informados sobre o que estavam assinando ou sobre os riscos envolvidos. Em entrevistas feitas pelo g1, muitos moradores não sabiam explicar os detalhes do que se tratava o "protocolo World", e alguns sequer estavam cientes dos possíveis riscos de privacidade envolvidos na coleta de dados biométricos.

Repercussão Internacional e Cuidados com Dados
O sucesso do projeto em São Paulo não passou despercebido pelas autoridades internacionais. Na União Europeia, a autoridade de proteção de dados da Baviera, na Alemanha, chegou a determinar a exclusão dos dados coletados pela World, embora a empresa afirme que as informações da íris são codificadas e armazenadas de forma fracionada, sem que a empresa retenha as imagens originais. No Brasil, a ANPD também questionou os procedimentos de coleta de dados e a falta de informações claras sobre o uso desses dados.

Além disso, é importante destacar que o Rodrigo Tozzi, gerente de operações da Tools for Humanity, empresa responsável pela World, afirmou em entrevista ao g1 que a empresa está em conformidade com as leis brasileiras e que relatórios imprecisos nas redes sociais poderiam ter gerado informações erradas para a ANPD.

Impacto na Comunidade e a Expansão Nacional
O crescimento do projeto foi tão rápido que o número de unidades de escaneamento saltou de 10 para 51 pontos de coleta em apenas dois meses. A estratégia de expansão para as periferias visava democratizar a acessibilidade à tecnologia, com Tozzi defendendo a ideia de que uma ferramenta destinada a “toda a humanidade” não deveria ser limitada às áreas mais privilegiadas da cidade, como a Faria Lima.

Apesar do crescimento exponencial, muitas dúvidas sobre a privacidade e a segurança dos dados coletados ainda não foram esclarecidas, o que levanta questionamentos sobre a falta de transparência do projeto. Além disso, a decisão da ANPD pode ter impactos importantes no futuro da World no Brasil, que até o momento é a única cidade do país a participar da iniciativa. A empresa já anunciou planos de expandir o projeto para outras regiões brasileiras, o que exige uma regulamentação mais rigorosa e esclarecimentos sobre os impactos a longo prazo.

A World promete transformar a maneira como a humanidade utiliza a biometria, mas seu caminho está sendo marcado por uma série de desafios legais e éticos. A proteção de dados pessoais continua sendo uma preocupação central, especialmente quando se trata de tecnologias emergentes que podem afetar a privacidade dos indivíduos de maneira irreversível. Com a intervenção da ANPD e a crescente pressão internacional, é provável que a iniciativa enfrente um futuro repleto de questionamentos e adaptações regulatórias.

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