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Ponte entre TO e MA que caiu tinha rachaduras e fissuras

 Investigação revela falhas estruturais na Ponte Juscelino Kubitschek antes de seu desabamento

A tragédia que ocorreu no último domingo, 22 de dezembro de 2024, com o desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek, entre os municípios de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA), deixou um saldo de pelo menos dois mortos e 12 desaparecidos. No entanto, documentos obtidos pela coluna revelam que a ponte já apresentava sérios problemas estruturais desde janeiro de 2020, indicando falhas no monitoramento e na manutenção de uma das principais vias de acesso entre os estados do Maranhão e Tocantins.

Vibrações excessivas e danos visíveis

Em um documento do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), foi constatado que, em 2020, a estrutura da ponte já apresentava "vibrações excessivas" e danos no balanço lateral. Também foram identificadas irregularidades nas lâminas (os pilares achatados), que estavam tortos, além de armaduras expostas e corroídas. A avaliação ainda alertava para fissuras visíveis em todos os pilares, o que, sem dúvida, comprometeria a estabilidade da ponte. No termo de referência datado de 2020, o Dnit destacou que as condições da obra de arte especial (OEA) mereciam atenção urgente, pois as vibrações excessivas e o desgaste visual das estruturas comprometiam a segurança da ponte.

Tentativas frustradas de reparação

Apesar dos alarmantes diagnósticos, o processo de reabilitação da ponte enfrentou sérias dificuldades. O Dnit incluiu no Programa de Manutenção e Reabilitação de Estruturas (Proarte), lançado em maio de 2020, um edital de R$ 13 milhões com o objetivo de contratar uma empresa para realizar estudos preliminares e obras de reabilitação. Contudo, a licitação foi fracassada, não havendo nenhum vencedor para o projeto. Nesse contexto, o Dnit já havia identificado a necessidade de reabilitação da ponte para garantir que sua "integridade e segurança passassem a ser compatíveis com as normas atuais". O órgão afirmou que a reabilitação era necessária para aumentar a sobrevida da ponte e melhorar a segurança da rodovia BR-226/230, vital para a conectividade regional.

O que diz o Dnit sobre o desabamento

Após o trágico acidente, o Dnit emitiu uma nota explicando que técnicos da autarquia foram enviados imediatamente ao local do desabamento para avaliar as causas do colapso. O Departamento afirmou que, entre novembro de 2021 e novembro de 2023, manteve um contrato de manutenção da ponte e de outras Obras de Arte Especiais (OAEs) do Tocantins, no valor de R$ 3,5 milhões. Durante esse período, a ponte recebeu diversos reparos nas vigas, lajes, passeios e pilares, mas os documentos sugerem que as falhas estruturais presentes desde 2020 podem ter sido subestimadas.

A negligência e o descaso com a segurança pública

A tragédia na Ponte Juscelino Kubitschek expõe uma falha grave nas estratégias de manutenção e vigilância das estruturas rodoviárias federais. O fato de a ponte já apresentar problemas críticos em 2020, como vibrações excessivas e danos estruturais evidentes, coloca em questão a eficácia dos programas de manutenção preventiva e a prioridade dada ao reparo de infraestruturas fundamentais para a segurança da população.

A demora e a falta de um plano eficaz de reabilitação, somadas à fraqueza do processo licitatório, indicam que o risco de tragédias como esta já era previsível. A ineficácia do Proarte em realizar as obras de reparação urgentes é um alerta para a necessidade de uma abordagem mais séria e eficaz na gestão de obras de grande porte e na manutenção de infraestruturas públicas que, quando negligenciadas, podem resultar em tragédias irreparáveis.

A sociedade e as autoridades precisam refletir sobre o descaso que levou à perda de vidas e ao impacto que o desabamento da ponte terá nas comunidades que dependem dessa via para suas atividades cotidianas.

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