Impeachment do Presidente Interino Han Duck-soo e Crise Política na Coreia do Sul
Na última sexta-feira, 27 de dezembro, o Parlamento da Coreia do Sul aprovou o impeachment do presidente interino, Han Duck-soo, apenas duas semanas após a destituição do presidente eleito Yoon Suk Yeol. O impeachment de Han foi aprovado com 192 votos a favor, superando os 151 votos necessários para a destituição.
Han, que é também primeiro-ministro, assumiu a presidência interina após a destituição de Yoon pelo Parlamento, que ocorreu em 3 de dezembro. Yoon havia tentado impor uma lei marcial no país, medida que foi rejeitada pelo Parlamento após 190 votos contra. Este episódio gerou uma crise política, com Yoon e seus aliados enfrentando repercussões legais e políticas, incluindo investigações sobre insurreição e um julgamento de impeachment.
Han assumiu o cargo com a expectativa de resolver a crise política, mas a oposição alegou que ele estava bloqueando o processo de impeachment de Yoon. O pedido de impeachment contra Han foi apresentado pela oposição no dia 26 de dezembro, após ele vetar a nomeação de três juízes indicados pelo Parlamento para supervisionar o caso de Yoon.
O impeachment de Han foi aprovado em um contexto de grande tensão política. Parlamentares do Partido do Poder Popular (PPP), de Yoon e Han, protestaram contra o anúncio do presidente da Assembleia Nacional, Woo Won-shik, de que seriam necessários apenas 151 votos para a destituição de Han. Para o impeachment de Yoon, no entanto, eram necessários 200 votos, o que provocou ainda mais descontentamento entre os parlamentares governistas, que boicotaram a votação e exigiram a renúncia de Woo.
Assim que o impeachment de Han for oficialmente notificado, ele será suspenso de suas funções. O Tribunal Constitucional da Coreia do Sul será responsável por confirmar a decisão, o que deve ocorrer dentro de 180 dias. Para o impeachment ser mantido, é necessário que pelo menos seis dos nove juízes do tribunal concordem com a destituição de Han.
O ministro das Finanças, Choi Sang-mok, deverá substituir Han como presidente interino até que uma nova decisão seja tomada. A oposição, que já enfrentou dificuldades para garantir a destituição de Yoon, espera que a nomeação de novos juízes fortaleça a possibilidade de manter o impeachment.
O Caso de Yoon Suk Yeol e o Impasse Político
O impeachment de Han é parte de um ciclo político conturbado iniciado com a tentativa de lei marcial de Yoon em 3 de dezembro. Essa ação foi vista por muitos como uma tentativa de abuso de poder, e gerou protestos e uma reação imediata do Parlamento, que a rejeitou. Após revogar o decreto, Yoon pediu desculpas, mas alegou que sua intenção era proteger a democracia.
As consequências da ordem de lei marcial têm sido severas para Yoon e seu governo. Altos funcionários do governo foram presos e indiciados por insurreição, e Yoon, suspenso, enfrenta um julgamento de impeachment. Sua administração está em crise, com o presidente proibido de deixar o país e desafiando as intimações das autoridades responsáveis pelas investigações.
Enquanto isso, a economia sul-coreana sofre com a incerteza política. O won atingiu seu nível mais baixo em relação ao dólar desde a crise financeira global de 2008, com ambos os lados se acusando mutuamente pela instabilidade econômica. O futuro político do país permanece incerto, com a saída de Han possivelmente intensificando o impasse político em curso.
Este processo de impeachment é histórico, sendo o primeiro caso de impeachment de um presidente interino desde que a Coreia do Sul se tornou uma democracia. A crise política continua a se desenrolar, e o próximo capítulo será decidido pelo Tribunal Constitucional, o qual terá que determinar se o impeachment de Han é válido e se a destituição de Yoon será mantida.
A Coreia do Sul enfrenta uma das suas maiores crises políticas recentes, com o impeachment de dois presidentes em um curto período de tempo, criando um cenário de instabilidade e incerteza política. A oposição busca intensificar a pressão para garantir a destituição de Yoon e Han, enquanto o governo interino enfrenta crescente oposição, especialmente após o veto das nomeações judiciais. A decisão do Tribunal Constitucional será crucial para determinar o futuro político do país e sua capacidade de superar essa turbulência.