Ofertas do dia da Amazon!

Canal do Panamá, na mira de Trump, comemora 25 anos em mãos panamenhas

 O Canal do Panamá e a Soberania Panamenha: Reflexões sobre o Aniversário de 25 Anos sob Administração Local

O Canal do Panamá celebra nesta terça-feira (31) seus 25 anos sob administração panamenha, uma data significativa não apenas pela transição de controle, mas também pela morte do ex-presidente dos EUA Jimmy Carter, responsável pelos tratados que viabilizaram essa mudança, e pela recente ameaça de Donald Trump de tentar recuperar o controle da via interoceânica.

A História do Canal e o Contexto da Transferência
O Canal do Panamá foi inaugurado em 1914 pelos Estados Unidos e, por décadas, foi um território sob controle exclusivo de Washington, com bases militares, polícia e justiça próprias. Esse enclave gerou uma série de tensões e reivindicações de soberania por parte dos panamenhos, culminando na assinatura dos Tratados Torrijos-Carter em 1977, que estipularam a entrega do canal ao Panamá, realizada oficialmente em 31 de dezembro de 1999. Para muitos panamenhos, a recuperação do canal representou o fim de uma "era de submissão", simbolizando a recuperação da soberania e dignidade do país.

O Impacto Econômico do Canal
Com 80 quilômetros de extensão, o canal é um ponto crucial para o comércio mundial, representando 5% do comércio marítimo global. Sua importância econômica é indiscutível, contribuindo com 6% do PIB do Panamá e gerando cerca de 20% das receitas fiscais do país. Desde a transferência, o canal tem gerado aproximadamente 28 bilhões de dólares para o tesouro panamenho, um valor significativamente superior aos 1,87 bilhão de dólares arrecadados durante os 85 anos de administração americana.

No entanto, muitos panamenhos, como a faxineira Clotilde Sánchez, alegam que os benefícios do canal não são distribuídos de forma justa, apontando que os principais favorecidos são os políticos e não o povo. A cientista política Sabrina Bacal destaca que, embora esse sentimento de desigualdade seja antigo, a realidade econômica é que o canal continua sendo a principal fonte de riqueza para o país.

As Ameaças de Trump e a Reação Panamenha
Recentemente, o ex-presidente dos EUA Donald Trump gerou indignação no Panamá ao sugerir que os EUA deveriam retomar o controle do canal caso as tarifas cobradas dos navios americanos não sejam reduzidas. Trump classificou as tarifas como "ridículas" e alegou que o Panamá estava se beneficiando de uma fraude contra os Estados Unidos. Essas declarações não foram bem recebidas pelos panamenhos, que veem o canal como uma questão de identidade nacional e soberania.

O presidente panamenho José Raúl Mulino foi enfático ao afirmar que o canal pertence ao Panamá e que não há razão para discutir essa questão com Trump. Mulino também ressaltou o papel de Jimmy Carter na assinatura dos tratados que permitiram a entrega do canal, permitindo ao Panamá recuperar sua plena soberania sobre o território. Em resposta a alegações infundadas de que a China estaria interferindo na operação do canal, Mulino refutou as acusações, dizendo que não há soldados chineses no canal.

O Papel da China e a Geopolítica no Canal
É importante observar que os Estados Unidos e a China são os dois principais usuários do Canal do Panamá, com os EUA responsável por 74% da carga e a China com 21%. A geopolítica em torno do canal também se intensifica devido ao crescente interesse da China na região, especialmente com a iniciativa da Nova Rota da Seda. No entanto, o valor dos pedágios do canal é determinado pela capacidade e carga dos navios, e não pelo país de origem, o que torna as acusações de Trump sobre a China ainda mais controversas.

O aniversário de 25 anos da entrega do Canal do Panamá é um marco importante na história do país e na geopolítica global. O canal continua sendo um ativo estratégico vital para o comércio internacional e para a economia do Panamá. Embora haja desafios relacionados à distribuição dos benefícios econômicos, a soberania panamenha sobre o canal é uma questão sensível para o país, e qualquer tentativa de retroceder nesse processo enfrentará a resistência e condenação dos panamenhos. A tensão gerada pelas recentes declarações de Donald Trump apenas reafirma a importância do canal como um símbolo de independência e soberania para o povo do Panamá.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem