O acidente aéreo envolvendo o Boeing B737-800 da Jeju Air, ocorrido no último domingo, deixou 179 mortos e marcou a pior tragédia aérea na história da Coreia do Sul. O avião, que decolou de Bangkok, na Tailândia, realizou 13 voos em apenas 48 horas antes de sua queda, incluindo rotas internacionais e domésticas. A informação foi divulgada pela agência Yonhap, com base em fontes da indústria aeronáutica, e levanta preocupações sobre a responsabilidade da companhia em sobrecarregar suas aeronaves além da capacidade operacional.
O voo 2216, com 181 pessoas a bordo, caiu ao tentar aterrissar no aeroporto de Muan, situado cerca de 290 quilômetros ao sul de Seul, após ser atingido por pássaros. A tripulação havia informado à torre de controle sobre o incidente com aves, solicitando um pouso de emergência. Contudo, especialistas questionam se a colisão com pássaros poderia ser a única explicação para o acidente, dado que o trem de pouso não foi acionado, o que impediu a frenagem adequada da aeronave e a levou a colidir com um muro de concreto no final da pista, resultando em uma explosão.
A alta carga operacional da Jeju Air foi outro ponto de preocupação após o acidente. Dados de voo revelaram que, entre julho e setembro, a companhia teve a maior média de horas de voo por aeronave, com 418 horas por avião — um número elevado até mesmo para empresas low-cost sul-coreanas. Isso levanta questões sobre o impacto da sobrecarga nas condições das aeronaves.
Embora a causa exata do acidente ainda esteja sendo investigada, indícios apontam para uma falha no trem de pouso e possíveis falhas na infraestrutura do aeroporto de Muan. Especialistas apontam que a construção do aeroporto poderia ter contribuído para a tragédia, pois o avião atingiu o muro de concreto após não conseguir desacelerar devido à falha no sistema de pouso. A análise das caixas-pretas da aeronave está em andamento para esclarecer as circunstâncias.
Além da tragédia humana, o acidente teve um grande impacto comercial para a Jeju Air, com o cancelamento de aproximadamente 68 mil reservas após a queda. Foram afetados tanto os voos domésticos quanto internacionais, e o mercado de pacotes turísticos também sofreu um aumento nas desistências.
O governo da Coreia do Sul ordenou que todas as aeronaves do modelo Boeing B737-800 da Jeju Air passassem por inspeções minuciosas como medida de precaução. A investigação continua em andamento, e as autoridades aguardam os resultados da análise das caixas-pretas para determinar com mais precisão as causas do acidente.