Delegado Fábio Shor Recebe Ameaças Após Investigações Contra Organização Criminosa de Bolsonaro
O delegado Fábio Alvarez Schor, da Polícia Federal (PF), tem sido um dos principais responsáveis pelas investigações que envolvem a organização criminosa ligada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). As apurações, que podem culminar na prisão de Bolsonaro e de outros membros de seu círculo político, têm gerado repercussões intensas, incluindo ameaças direcionadas ao delegado. O caso tem chamado atenção não apenas pela gravidade das acusações, mas também pelas ameaças de morte recebidas por Fábio Shor, que se viu forçado a usar um carro blindado para garantir sua segurança. Estas ameaças estão diretamente relacionadas aos discursos e publicações de aliados de Bolsonaro, especialmente do filho do ex-presidente, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e do deputado Van Hattem (PL-RS), ambos acusados de incitar ataques contra o delegado no plenário da Câmara dos Deputados.
Investigações e Ameaças de Intimidação
Fábio Shor está à frente de um conjunto de investigações que envolvem Jair Bolsonaro e outros 36 membros de sua organização criminosa, com foco em um possível golpe de Estado que teria sido planejado para 2022. O delegado tem liderado o trabalho da Polícia Federal que investiga o envolvimento de Bolsonaro e seus aliados em tentativas de subverter a ordem democrática do país. Essas investigações incluem grandes revelações sobre o suposto envolvimento de Bolsonaro com ações criminosas, o que poderia resultar em consequências legais sérias para o ex-presidente.
Entretanto, esse trabalho tem custado caro ao delegado. Shor relatou que recebeu ameaças diretas após seu papel ativo nas investigações. Segundo o próprio delegado, a intimidação começou após ele indiciar Bolsonaro e outros membros da organização criminosa. Como resultado dessas ameaças, ele foi obrigado a adotar medidas de segurança mais rigorosas, como o uso de carro blindado durante seus deslocamentos, a fim de garantir sua proteção.
Incitação ao Ataque por Eduardo Bolsonaro e Van Hattem
As ameaças que Fábio Shor recebeu não surgiram de maneira isolada, mas foram intensificadas por discursos públicos e publicações nas redes sociais de figuras políticas alinhadas com o ex-presidente. Entre os principais envolvidos em incitar os ataques estão Eduardo Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro, e o deputado Van Hattem.
Eduardo Bolsonaro (PL-SP)
Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho de Jair Bolsonaro, foi um dos principais responsáveis pela incitação de ataques ao delegado. Em suas declarações públicas, Eduardo criticou abertamente o trabalho de Fábio Shor nas investigações e, segundo fontes, essas palavras contribuíram diretamente para o aumento das ameaças contra o delegado. As ações de Eduardo são vistas como parte de uma estratégia política para desacreditar as investigações e pressionar a Polícia Federal a interromper seu trabalho. As declarações de Eduardo Bolsonaro têm sido interpretadas como uma tentativa de deslegitimar as investigações, pintando o delegado como alguém com motivações políticas, em vez de um agente da lei cumprindo seu dever.
Van Hattem (PL-RS)
Outro político que se destacou em incitar ataques contra Fábio Shor foi o deputado Van Hattem (PL-RS). Hattem, em discursos no plenário da Câmara, fez declarações que incentivaram a hostilidade contra o delegado, sugerindo que as ações de Shor eram politicamente motivadas e que ele estava sendo parcial em sua investigação contra Bolsonaro e seus aliados. As palavras de Van Hattem também ajudaram a criar um ambiente de hostilidade e pressão contra o delegado, o que pode ter contribuído para o clima de intimidação que Fábio Shor tem enfrentado.
Reação da Polícia Federal
Diante das ameaças e da intimidação que o delegado Fábio Shor passou a enfrentar, a própria Polícia Federal iniciou uma investigação interna para apurar a origem das ameaças e garantir a segurança do delegado. Shor relatou que, após o incidente, o caso foi formalmente registrado e um inquérito policial foi aberto para investigar os responsáveis pelas ameaças. A abertura deste inquérito demonstra o comprometimento da PF em proteger seus agentes e assegurar que investigações críticas possam ser realizadas sem pressões externas ou intimidações.
Consequências das Ameaças e o Impacto nas Investigações
O clima de ameaças enfrentado por Fábio Shor representa uma ameaça não apenas à sua segurança pessoal, mas também à independência das investigações. Quando figuras políticas de alto escalão, como Eduardo Bolsonaro e Van Hattem, incitam ataques contra um delegado da Polícia Federal, isso pode criar um ambiente de intimidação política que prejudica a capacidade das autoridades de conduzir investigações de maneira imparcial e justa.
Além disso, a ameaça de violência e a pressão pública sobre Shor podem ter o efeito de desviar a atenção do processo investigativo, fazendo com que o foco das discussões mude de provas e evidências para questões relacionadas à segurança e à liberdade de ação dos investigadores. Isso pode enfraquecer a confiança pública nas instituições responsáveis pela apuração da verdade e na capacidade do sistema judiciário de agir de maneira justa e sem interferências externas.
A Necessidade de Proteção e Impunidade
O caso envolvendo o delegado Fábio Shor é um exemplo preocupante de como ameaças políticas podem minar a integridade das investigações e a segurança de profissionais que estão apenas cumprindo suas funções legais. As ameaças direcionadas ao delegado, muitas das quais foram incitadas por figuras políticas de destaque, destacam a necessidade urgente de proteção a investigadores e a impunidade com que muitos membros da classe política tentam subverter o processo judicial para proteger aliados e interesses pessoais.
À medida que as investigações contra a organização criminosa de Bolsonaro continuam, é fundamental que a segurança e autonomia dos investigadores sejam garantidas. Além disso, o Sistema de Justiça precisa demonstrar que ninguém está acima da lei, independentemente do poder político ou das ameaças externas.
Por fim, é essencial que todos os envolvidos em atos de incitação à violência ou ameaças contra autoridades sejam responsabilizados, para que a justiça seja feita de forma íntegra e sem medo de retaliações.