PF expõe investigações sigilosas do Ministério Público estadual, faz insinuações e abre crise

 relatório de quase 500 páginas da Polícia Federal sobre o Caso Marielle expôs investigações que estão em andamento e sob sigilo no Ministério Público estadual



Do ponto de vista de parceria institucional, o caso, aos olhos de promotores e procuradores ouvidos pelo blog, só tem duas explicações: descuido ou deslealdade. Ambas hipóteses são muito ruins para uma parceria. De acordo com o Ministério Público, as duas investigações, de conteúdo sigiloso, estão relacionadas à suposta constituição de organização criminosa e lavagem de dinheiro, tendo como um dos investigados o Delegado de Polícia Rivaldo Barbosa. As apurações foram voluntariamente compartilhadas com a Polícia Federal, no contexto do caso Marielle e Anderson, com base no acordo de cooperação técnica celebrado com a Polícia Federal

Esse compartilhamento, embora as investigações não sejam diretamente relacionadas ao caso Marielle e Anderson, teve como razão a menção ao nome do delegado Rivaldo pelo colaborador Ronnie Lessa. Embora tenha trabalhado em parceria com a Polícia Federal, o relatório insinua que o Ministério Público atrapalhou as investigações ao lutar contra a federalização. Na verdade, quem disse não à federalização foi o STJ. O voto da relatora Laurita Vaz considerou o pedido da então procuradora-geral, Raquel Dodge, “açodado e precipitado”. Foram duas promotoras do Ministério EstadualSimone Silibilo e Letícia Emile, que lideraram o trabalho que colocou Ronie Lessa no banco dos réus. Não fossem elas, Ronie Lessa não estaria no banco dos réus e não haveria delação, base do relatório da Polícia Federal

O resto é briga de egos e vaidades institucionais. A parceria técnica entre o Ministério Público estadual e a Polícia Federal se transformou em uma crise. A Polícia Federal cita três lideranças da instituição estadual - Homero de FreitasEduardo Gussen e Marfan Martins Vieira - sem fazer uma acusação objetiva. Apenas citam fatos que deixam no ar a sensação de que eles não estariam imbuídos de espírito de justiça. Mas como não fazem uma acusação objetiva, nem pedem aprofundamento de investigação, criam um roteiro mais propício a destruir reputações do que ajudar a esclarecer quem é parte da solução e do problema. Como o blog sempre afirmou, não é possível um delegado, sozinho, montar uma máquina para impedir o esclarecimento dos crimes.

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